Um verdadeiro computador de bolso, com tudo o que um nerd sonhou

Lançado em meados de 2009 e ainda um destaque em 2010, o Nokia N97 chegou com uma proposta ambiciosa: ser o smartphone definitivo da Nokia. E, para quem estava acompanhando o mercado de tecnologia móvel de perto, era impossível não se animar com o pacote que ele oferecia. Ele prometia unir o melhor dos mundos — conectividade, multimídia, teclado físico e uma tela touchscreen grande — algo ainda raro e extremamente desejado naquela época.

Mesmo com seus pontos fortes, o N97 também revelou algumas fraquezas. Em 2010, já vivíamos o início da transição para os sistemas mais ágeis como Android e iOS, e o Symbian S60 mostrava sinais de cansaço. Mas mesmo assim, o N97 tem um lugar especial na memória de muitos entusiastas da tecnologia — inclusive eu.

Imagem do Nokia N97 (direitos respeitados)

📷 Imagem oficial no GSMArena

Design que impressionava

O que mais chamava atenção no Nokia N97 era o seu formato: um slider horizontal com teclado QWERTY físico completo. A tela de 3,5 polegadas resistiva, com resolução de 360×640 pixels, podia ser inclinada, revelando o teclado e transformando o celular em um minicomputador portátil.

Na época, essa combinação de tela sensível ao toque com teclado físico era um diferencial importante. Digitar e-mails, escrever textos e navegar pela internet era uma experiência fluida para os padrões da época — especialmente se comparado a smartphones puramente touchscreen com teclados virtuais ainda pouco refinados.

A construção era sólida, com um corpo robusto de plástico de qualidade e acabamento metálico. O N97 passava uma sensação de durabilidade e sofisticação, o que fazia jus ao seu preço elevado.

Hardware generoso (pelo menos no papel)

O Nokia N97 vinha equipado com um processador ARM11 de 434 MHz e 128 MB de RAM, o suficiente para rodar o Symbian S60 com relativo conforto. Mas, com o tempo e o acúmulo de aplicativos e widgets, o sistema podia se mostrar um pouco engasgado — especialmente quando comparado com a fluidez dos concorrentes que começavam a despontar, como o iPhone 3GS ou os primeiros Androids da linha Galaxy.

Mas havia pontos realmente impressionantes: 32 GB de armazenamento interno, algo praticamente inédito em 2010, expansível via cartão microSD de até 16 GB. Era um dos celulares com mais espaço interno disponível no mercado, um verdadeiro atrativo para quem gostava de carregar músicas, vídeos e documentos no bolso.

Multimídia, câmera e conectividade

O N97 não era só promissor no visual e no armazenamento. Ele trazia uma excelente câmera de 5 megapixels com lentes Carl Zeiss, flash LED e gravação de vídeos em qualidade VGA. As fotos tinham ótima nitidez para a época, e o aplicativo da câmera era bastante completo, com opções de configuração que agradavam tanto usuários comuns quanto os mais exigentes.

Na parte de conectividade, ele também era completo: Wi-Fi, Bluetooth 2.0, A-GPS, 3G e até rádio FM com RDS. A experiência de navegação era potencializada pelo navegador próprio da Nokia, que, embora não fosse o mais moderno, era funcional e suportava até Flash Lite.

Symbian: a luz que começava a se apagar

Se o hardware impressionava, o sistema operacional era o calcanhar de Aquiles. O Symbian S60 5th Edition já dava sinais claros de obsolescência. A interface era pouco intuitiva, a loja de aplicativos era limitada e a experiência de toque, mesmo com a stylus incluída, não chegava perto da fluidez que o mercado começava a exigir.

Para quem já havia experimentado um iPhone ou Android, o N97 podia parecer antiquado. Mas para o público fiel da Nokia — e eram muitos em 2010 — ele ainda representava um grande salto tecnológico.

Uma despedida gloriosa da era Symbian

O Nokia N97 foi um aparelho marcante. Um “último suspiro” grandioso da era Symbian, que tentava se reinventar no meio da revolução touch. Para quem vivia intensamente o mundo da tecnologia móvel na virada da década, o N97 foi um símbolo de tudo o que a Nokia fez de melhor — e também dos seus primeiros tropeços.

Ele não foi perfeito. O desempenho era limitado, o sistema era confuso, e os concorrentes logo se tornaram mais modernos. Mas ainda assim, era impossível não admirar sua ousadia, seu design robusto e seu foco em produtividade.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *