Um passo ousado rumo ao futuro… com alguns tropeços

Em 2007, a sensação de segurar o HTC Touch pela primeira vez foi como tocar o futuro. Em uma época em que teclados físicos ainda dominavam o mercado de celulares, ver aquele display sensível ao toque acender nas minhas mãos foi eletrizante. Eu estava convencido de que nada seria como antes — afinal, era o meu primeiro celular touchscreen. E isso, por si só, já foi um marco pessoal.

O HTC Touch chegou ao mercado com a promessa de transformar a forma como interagimos com os smartphones. Elegante, compacto e com uma interface que fugia da rigidez dos botões, ele inaugurou um novo jeito de navegar, digitar e consumir informação. Mas, apesar do entusiasmo inicial, nem tudo foi um mar de rosas.

Design elegante, tamanho perfeito para a época

Com apenas 99,9 mm de altura, o HTC Touch impressionava pelo design limpo e moderno. Seu corpo arredondado e leve (apenas 112 gramas) fazia dele um dispositivo fácil de manusear. Era discreto o bastante para caber em qualquer bolso, e elegante o suficiente para chamar atenção quando era retirado.

A tela de 2,8 polegadas com resolução de 240×320 pixels era um espetáculo à parte. Embora resistiva — ou seja, exigia um pouco mais de pressão — ela representava uma ruptura com o que víamos até então. O uso da interface TouchFLO, desenvolvida pela própria HTC sobre o Windows Mobile 6, adicionava um charme a mais, com gestos que permitiam acessar contatos, músicas e fotos deslizando o dedo pela tela.

O sistema era promissor, mas lento demais

Meu maior desafio com o HTC Touch foi justamente a lentidão. O processador TI OMAP 850 de 200 MHz, aliado a apenas 64 MB de RAM, mal dava conta de rodar o sistema sem engasgos. Cada toque era seguido por uma pequena pausa. Abrir a agenda, digitar uma mensagem ou alternar entre tarefas exigia paciência — algo que minha empolgação inicial ajudou a sustentar… por um tempo.

Logo a realidade bateu: o sistema era instável, fechava aplicativos do nada e não respondia bem a múltiplos toques. Por vezes, precisei recorrer à canetinha stylus que vinha acoplada ao corpo do aparelho para conseguir clicar com precisão nos menus minúsculos. Isso tirava um pouco do charme “futurista” e fazia lembrar que ainda estávamos no início dessa revolução.

Multimídia e conectividade

Em termos de recursos, o HTC Touch era bastante completo para a época. Contava com Wi-Fi, Bluetooth 2.0, e suporte a redes GSM com EDGE — nada de 3G ainda. O navegador Internet Explorer Mobile era básico, mas permitia ler notícias e acessar e-mails simples.

A câmera de 2 megapixels era apenas razoável, sem flash ou autofoco, servindo para fotos casuais em ambientes bem iluminados. Para armazenamento, havia 128 MB de ROM, com possibilidade de expansão via cartão microSD — o que era essencial para guardar músicas, vídeos e instalar aplicativos adicionais.

A revolução anunciada, mas ainda em rascunho

Apesar das limitações, o HTC Touch foi um marco importante na minha história com a tecnologia móvel. Foi o celular que me apresentou ao mundo do toque, das interfaces gestuais e da ideia de que um telefone poderia ser mais do que apenas um telefone.

Sim, ele era lento. Sim, me frustrei muitas vezes esperando que abrisse a agenda ou respondesse ao toque. Mas também foi com ele que percebi o potencial que os smartphones tinham — e isso preparou meu coração para o que viria depois: sistemas mais rápidos, interfaces mais intuitivas e o início de uma nova era.

Valeu a pena?

Com todos os altos e baixos, posso dizer que valeu sim. O HTC Touch não foi o celular perfeito, mas foi o celular certo para um momento de transição. Ele me fez sonhar com o que o futuro dos celulares poderia ser — e mesmo que tenha me irritado algumas vezes, guardo até hoje um carinho nostálgico por ele.

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